O evento “Fórum Permanente sobre Saúde Planetária em São Carlos” é uma iniciativa colaborativa do Programa de Embaixadores da Saúde Planetária, junto ao Grupo Saúde Planetária Brasil e ao Instituto de Estudos Avançados da USP – Polo São Carlos.
A primeira edição do evento ocorrerá no dia 29 de outubro, quarta-feira, das 10h às 18h, no Auditório Jorge Caron da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP). Nela será lançada a iniciativa de criação de um Fórum Permanente de discussões relacionadas à Saúde Planetária na cidade de São Carlos – SP, visando o estabelecimento de um ecossistema que estimule ações alinhadas à sustentabilidade em nossa cidade.
O evento contará também com transmissão online pelo youtube.
O conceito transdisciplinar de Saúde Planetária aborda de forma abrangente os impactos sem precedentes da ação humana nos ecossistemas terrestres e os riscos que deles decorrem para a sobrevivência da civilização. Estruturado como um campo emergente de pesquisa, esse conceito adota uma visão sistêmica para enfrentar um problema urgente e concreto: compreender, quantificar e reverter os efeitos do crescimento populacional e da aceleração das atividades socioeconômicas sobre o meio ambiente. Tais atividades perturbam os ecossistemas naturais da Terra e, em retorno, afetam diretamente a saúde e o bem-estar humanos.
As perturbações antrópicas nos ecossistemas naturais se caracterizam por mudanças no clima, no uso da terra, alterações no ciclo de nitrogênio e fósforo, poluição química do solo, água e ar, redução na disponibilidade de água potável, perda da biodiversidade, destruição da camada de ozônio, acidificação dos oceanos, entre outras. Além disso, também são de extrema relevância as consequências dessas perturbações ecossistêmicas no sentido inverso, sobre a saúde e bem-estar da humanidade, com surgimento de novas doenças, agravamento das doenças infecciosas e aumento das doenças crônicas não transmissíveis relacionadas à deterioração do sistema alimentar vigente, hiper-urbanização, resistência microbiana, migrações climáticas e conflitos por recursos naturais, entre outros.
A Saúde Planetária é, portanto, um novo esforço para tratar a questão da sustentabilidade e da vida humana no planeta sob ótica cada vez mais integrativa, transdisciplinar e global, já que os problemas desta crise planetária transpassam fronteiras geopolíticas, delimitações acadêmicas e afetam a humanidade como um todo.
A ampla participação da comunidade de São Carlos, comunidade acadêmica e ativista é recomendada, pois o objetivo do fórum é extrapolar os limites do auditório que sediará o evento, estimulando ações e impactos positivos para nossa cidade. Por isso, sinta-se convidado, e compartilhe sobre o Fórum com todos.
A participação é livre, gratuita, e para a emissão de certificado de participação, solicitamos a realização de inscrição por meio do formulário, clicando AQUI.
Para discutir a multiplicidade de aspectos presentes no tema da saúde planetária, esta primeira edição de 2025 do “Fórum Permanente sobre Saúde Planetária em São Carlos” propõe a realização de três mesas redondas para motivar reflexões sobre como essa área pode impactar a sociedade e o destino da humanidade. As mesas promovidas neste Fórum Permanente não buscam ser apenas uma discussão acadêmica, mas sim um chamado para repensar nossa relação com o planeta e reconhecer que cuidar da Terra é, em última análise, cuidar de nós mesmos.
Participantes do Programa Brasileiro de Embaixadores de Saúde Planetária (PESP), organizado pelo grupo Saúde Planetária Brasil (SPBr) da USP, e David Sperling, vice-coordenador do IEA-USP Polo São Carlos.
Participantes: Prof. Dr. António Saraiva (Poli/IEA-USP) e Profa. Dra. Dirce Maria Lobo Marchioni (FSP-USP).
Mediador: Marcos Vinícius Ribeiro Ferreira (Embaixador de Saúde Planetária/USP).
Esta mesa redonda tem como objetivo central explorar um dos paradigmas mais urgentes e integradores do nosso tempo, a Saúde Planetária. A ideia é que o conceito seja explorado ao início do Fórum Permanente, assim permitindo aprofundamentos durante esta mesa e as seguintes. A Saúde Planetária parte da premissa de que a saúde da humanidade está intrinsecamente ligada à saúde dos sistemas naturais do nosso planeta. Esta discussão não se limita à ecologia ou à medicina de forma isolada, mas busca entender as complexas interconexões entre a degradação ambiental, as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e o bem-estar das sociedades humanas. Buscaremos responder perguntas fundamentais como: Qual o atual cenário da saúde planetária? Quais são as projeções para o futuro da saúde de nosso planeta? A Terra está saudável ou enferma? Quais são as principais causas das múltiplas crises relacionadas à saúde planetária? Como essa situação se relaciona com a sobrevivência da espécie humana? Como ela se relaciona com as diversas áreas do conhecimento?
Participantes: Dr. Ladislau Martin Neto (EMBRAPA), Prof. Dr. Filippo Ghiglieno (UFSCar) e Prof. Dr. Alexandre Cláudio Botazzo Delbem (ICMC-USP).
Mediador: Celso Lopes (Embaixador de Saúde Planetária/USP)
Esta mesa redonda busca promover uma conversa entre áreas distintas mas que podem contribuir grandemente para a Saúde Planetária. A ideia é que os grandes desafios de nosso tempo, em sua complexidade, não respeitam as tradicionais fronteiras do conhecimento acadêmico disciplinar. Para enfrentá-los, portanto, será necessário uma visão integrada e colaborativa. Dessa maneria, propomos um diálogo fértil entre diferentes campos do saber para construir propostas e soluções mais holísticas e eficazes.
Neste debate, pesquisadores irão compartilhar suas perspectivas únicas sobre como as áreas que representam podem colaborar para criar um futuro com mais saúde planetária. Buscaremos nos aprofundar nos desafios práticos da integração entre as áreas em projetos multi-transdisciplinares, abordando questões como: Quais são as barreiras que ainda impedem uma colaboração efetiva entre áreas distintas? E, mais importante, como podemos superá-las? O objetivo é mapear caminhos e novas ideias para uma verdadeira prática transdisciplinar que promova a saúde planetária, gerando novas abordagens para cuidar de nosso planeta. Esta mesa é um convite para pensarmos juntos e construir uma visão de futuro verdadeiramente integrada e sustentável.
Participantes: Prof. Dr. José Tundisi (Prefeitura de São Carlos/USP), Prof. Dr. Eduardo Mario Mendiondo (EESC-USP) e Sara Lúcia de Freitas Osório Bononi (OAB/São Carlos).
Mediador: Gustavo Ferragini (Embaixador de Saúde Planetária/USP)
Esta mesa redonda propõe avançarmos das discussões teóricas para ações práticas, trazendo o conceito da Saúde Planetária para o contexto local da cidade de São Carlos. O debate se concentrará em como as políticas públicas, a legislação municipal e as iniciativas existentes em São Carlos podem ser fortalecidas a fim de promoverem a saúde do planeta. Buscamos desafiar todos os participantes a pensar em soluções e ações viáveis para nossa realidade.
Espera-se que as discussões também abordem o alinhamento dessas iniciativas locais com contextos e políticas de caráter mais macro, de esferas estaduais e federais, identificando sinergias e obstáculos. O objetivo final é ir da reflexão à ação, mapeando os instrumentos disponíveis e construindo um caminho coletivo para transformar São Carlos em uma referência em Saúde Planetária, demonstrando que o futuro do planeta também se constrói no âmbito do nosso município.
Alexandre Cláudio Botazzo Delbem é professor Titular do Departamento de Sistemas de Computação do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação na Universidade de São Paulo (ICMC-USP). Investiga soluções computacionais para análise ou projeto envolvendo problemas do mundo real que podem ser modelados como sistemas ciber-físicos. Destacam-se aplicações multidisciplinares em áreas como: restabelecimento de energia após apagões em redes de energia de larga-escala, dinâmica de populações e projetos integrados de redes de suprimento ou atendimento aplicadas ao agronegócio, à saúde, ao meio ambiente e à assistência social. Desenvolvem-se software and hardware para lidar de forma computacionalmente eficiente com alguns desafios inerentes aos sistemas complexos: larga-escala (complexidade computacional e algoritmos de estimação de distribuição), multidimensionalidade (construção automática de modelos multivariados para diferentes tipos de dados), tomada de decisão e otimização utilizando múltiplos critérios (algoritmos evolutivos multiobjetivos) e respostas em tempo-real (paralelização usando FPGAs).
António Saraiva é Professor Sênior do Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP), Professor Titular Aposentado do Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais da Escola Politécnica (EP) da USP, onde lecionou de 1989 a 2024. Foi pró-reitor adjunto de Pesquisa da USP e presidente da Comissão de Pesquisa da EP e do IEA-USP. Sempre atuou em pesquisa multidisciplinar envolvendo tecnologias da informação e comunicação, agricultura, biodiversidade, ambiente e saúde, criando grupos de pesquisa pioneiros. É membro do Comitê Diretor da Planetary Health Alliance (PHA), tendo presidido o Planetary Health Annual Meeting 2021, organizado pela USP e PHA. Saraiva é coordenador do Grupo de Estudos Saúde Planetária Brasil do IEA e do programa USP Sustentabilidade.
Dirce Maria Lobo Marchioni possui graduação em Nutrição pela Universidade de São Paulo (1985), mestrado em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (1999) e doutorado em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (2003). Realizou Pós-doutorado na ENSP-Fiocruz e no Imperial College London e foi professor visitante na Politecnica di Milano, pelo Programa PRINT/CAPES. Atualmente é professora Titular da Universidade de São Paulo. É coordenadora do INCT Combate à Fome (CNPq). Tem experiência na área de Epidemiologia Nutricional, com ênfase em Consumo Alimentar, atuando principalmente nos seguintes temas: consumo alimentar, dieta, dieta sustentável, recomendações dietéticas, consumo de alimentos e saúde, sistemas alimentares e segurança alimentar.
Eduardo Mario Mendiondo é docente da Universidade de São Paulo na Escola de Engenharia de São Carlos. Membro da Comunidade da Prática de Recursos Hídricos e do Digital Water Program (IWA). Coordenador Científico do Centro de Educação e Pesquisa em Desastres, CEPED/USP. Pesquisador Principal do Centro de Pesquisa em Resiliência a Crises e Desastres (CEPID-CLIMARES); Pesquisador Associado no Centro de Matemática Aplicada às Indústrias (CEPID/CeMEAI), do Centro de Pesquisa em Engenharia em Inteligência Artificial (IBM/FAPESP) e do CBioClima (CEPID). Engenheiro de Recursos Hídricos pela Univiversidade Nacional del Litoral, Argentina, Mestre e Doutor em Recursos Hídricos pela UFRGS. Foi pesquisador Pós-Doc Sênior na Universidade de Kassel, Alemanha. Possui experiência em projetos, soluções e inovações para comunidades vulneráveis para saneamento e saúde, modelagem de incertezas, ecohidrologia, pegada hídrica, recursos hídricos resilientes e inteligentes e adaptação às mudanças climáticas. Participou de iniciativas junto a UNESCO sobre Educação. Participa de redes internacionais como WMO/Prohimet sobre Previsão e Monitoramento Hidrológico. Assessorou cientificamente o Banco Mundial e OEA(Organização de Estados Americanos).
Filippo Ghiglieno possui graduação em Theoretical physics – Istituto Di Fisica Di Torino (1995), mestrado em Bioinformatics – Fondazione per le biotecnologie (2003), mestrado em Telecommicações – Scuola Superiore G. Reiss Romoli (1998) e doutorado em Materials Science and Technology – Politecnico di Torino (2008). Atualmente é professor associado da Universidade Federal de São Carlos. Atua no programa de pós-graduação do Departamento de Física na UFSCar (PPG-DF/UFSCar) e no programa de pós-graduação no Departamento de Engenharia Hidráulica e Saneamento Básico na USP (PPG-SHS/USP). Tem experiência na área de Física, com ênfase em Física da Matéria Condensada, atuando principalmente nos seguintes temas: óptica, óptica não-linear, holografia, ótica quântica, fotônica, laser, ciência dos materiais e materiais semicondutores, sensores, monitoramento ambiental, sensoriamento remoto, controle de qualidade do ar e da agua, e mais recentemente inteligência artificial.
José Tundisi possui graduação em História Natural pela Universidade de São Paulo (1962), mestrado em Oceanografia na University Of Southampton (1966) e doutorado em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade de São Paulo (1969). Atualmente é professor titular aposentado da Universidade de São Paulo e atua na pós-graduação da Universidade Federal de São Carlos. É presidente da Associação Instituto Internacional de Ecologia e Gerenciamento Ambiental (IIEGA) e pesquisador do Instituto Internacional de Ecologia (IIE). É especialista em Ecologia, Limnologia com ênfase em Gerenciamento Recuperação de Ecossistemas Aquáticos. Atuou como consultor em 40 países nas áreas de Limnologia, Gerenciamento de recursos hídricos, recuperação de lagos e reservatórios e planejamento e otimização de usos múltiplos de represas. Tem 47 livros publicados e prêmios no Brasil no exterior. Foi presidente do CNPq de 1995 a 1999 e assessor do Ministro de Ciência e Tecnologia de 1999 a 2001. É representante do Brasil no Water Committee do IANAS. Foi Secretário Municipal de Meio Ambiente Ciência e Tecnologia e Inovação da Prefeitura Municipal de São Carlos.
Ladislau Martin Neto possui graduação em Licenciatura em Física pela atual Unesp (1981), mestrado e doutorado em Física Aplicada pelo Instituto de Física de São Carlos USP (1985 e 1988). Realizou pós-doutorado na Universidade da Califórnia em Ciência do Solo e Meio Ambiente (1994). Ocupou o cargo de Diretor-Executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da EMBRAPA de 2012 a 2017. Atualmente reassumiu cargo de pesquisador-doutor no Centro Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Instrumentação Agropecuária, Embrapa Instrumentação. Foi coordenador do Programa Embrapa Labex nos Estados Unidos de 2009-2011. Tem experiência em métodos, técnicas e instrumentação na agropecuária atuando, principalmente, nos seguintes temas: matéria orgânica do solo, seqüestro de carbono no solo, mudanças climáticas globais, substâncias húmicas, interações de metais e pesticidas no solo e água, ressonância paramagnética eletrônica, fluorescência de laser e luz uv-visível, laser-induced breakdown spectroscopy e ressonância magnética nuclear. É Co-Coordenador do Grupo de Pesquisa em Terras Cultiváveis (Croplands Research Group) da Aliança Global de Pesquisa em Gases do Efeito Estufa na Agropecuária desde Fevereiro de 2012.
Sara Lúcia de Freitas Osório Bononi é advogada, ativista jurídica ambiental, atriz amadora e poeta. Formada pela UNESP há quase 30 anos, iniciou sua carreira como técnica em nutrição na USP. Foi co-fundadora da Bononi Advogados e empresária de microscopia. Preside a Comissão de Direito Ambiental da OAB São Carlos e foi Conselheira Estadual da OAB/SP (2022-2024), onde se destacou pela aprovação de cotas raciais para o Quinto Constitucional. Presidiu várias Comissões da OAB local por mais de uma década. Foi Vereadora Suplente (Agosto/2024). No ativismo, idealizou a primeira Ação Popular Ambiental de São Carlos, crucial para manter o Cerrado UFSCar. Na pandemia, criou o Projeto Tecer Esperança, premiado pela Fiocruz e BID. Foi Agente de Transformação Social pelo TEDx em 2018. Promove ações voluntárias contra o racismo, violência à mulher e em defesa do ambiente.